Loucas de Alegria – Paolo Virzì

Amar pode causar loucura? Paolo Virzì diz que sim, em seu luminoso filme. Ao menos no caso de amor não-correspondido, conceito na minha visão contestável: se não é correspondido, não é amor, é um delírio, uma loucura…Ou será que amar é em si, segundo Virzì, um ato de loucura?

Beatrice (Valeria Bruni Tedeschi), bela, exuberante e aristocrática, e Donatella (Micaela Ramazzotti), bela, melancólica e pobre, estão internadas em instituição psiquiátrica-judicial, por causa dos atos insensatos que cometeram pelo amor – ou pela obsessão – que sentem por homens errados. Surge uma bonita e inesperada amizade entre duas mulheres cujo único traço comum é a vontade de desenvolver vínculo forte com outro ser humano; não será isso já um sinal de loucura? A estupenda interpretação das duas atrizes, assim como o roteiro e o talento do diretor, transformam uma estória potencialmente trágica em uma comédia profunda mas divertida sobre a condição humana.

O filme coloca várias indagações. Primeiro, qual a diferença entre loucura e saúde mental, pois em sua fuga pelas estradas italianas, Beatrice e Donatella encontram figuras perturbadoras, soltas e aceitas pela sociedade, ao contrário delas, que parecem ser punidas pela sua autenticidade e transparência. Em segundo lugar, somos levados a pensar sobre o que é o amor e como demonstrá-lo; pelo desprendimento, parece nos dizer o filme em cena quase no final, entre Donatella e o filho. Finalmente, vem o questionamento sobre se a amizade existe, não só entre as duas, como entre quaisquer outras pessoas. Virzì nos convence que sim, se houver aceitação mútua. Um filme marcante.

locandina

Ficha técnica do filme – IMDb

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